Subjugando vítimas

O medo

Conseguindo ou não atingir seus fins, os perversos narcisistas (assediador moral) buscam despertar no outra certa violência que eles gostariam de poder ignorar.

Neste estágio , todas as vítimas descrevem um sentimento de medo. Elas se sentem permanentemente em alerta, à espreita do olhar do outro, de uma rudeza de gestos, de um tom glacial, tudo podendo mascarar uma agressividade não expressa. Temem a reação do outro, sua tensão e sua frieza, os comentários ferinos, o sarcasmo, o desprezo, a zombaria, se não se mostrarem de acordo com o que ele espera.

Quer as vítimas, apavoradas, se submetam, quer elas reajam, de qualquer forma, para o agressor, estarão erradas. No primeiro caso, os perversos , e talvez os que o cercam, dirão que decididamente elas nasceram para serem vítimas; no segundo, sua violência será apontada, e, desprezando toda verossimilhança, serão acusadas de serem responsáveis pelo fracasso do relacionamento (“elas é que provocaram, senão eles não à perseguiriam”), e também por tudo que, em outros aspectos, não deu certo.

Para fugir dessa violência, elas têm tendência a mostrarem-se cada vez mais gentis, cada vez mais conciliadoras. Têm a ilusão de que esse ódio poderia ser dissolvido com amor e benevolência. E se dão mal, pois quanto mais generoso se é para com um perverso, mais se evidencia o quanto se é superior a ele, o que, obviamente, reativa a violência. Quando o agredido reage igualmente com ódio, os perversos se rejubilam. Isso os justifica: “Não sou eu quem o odeio, é ele que me odeia.

Portanto, não reagir não é solução diante de um assediador, já que este possui uma natureza sádica e perversa, por outro lado cair na armadilha da provocação, também não ajuda em nada, levando em conta sua capacidade de dissimular e manipular os fatos. O medo somente reforça e alimenta o agressor.

Vale lembrar que a perversa ataca sua vítima, não porque ela é fraca ou desprovida, mas ao contrário, sendo que o objetivo é anulá-la em suas qualidades, estas, que o agressor não possui e inveja.

Trecho do livro:

Assédio moral- aviolência perversa no cotidiano

Autora: Marie France Hirigoyen

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